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Uma multidão protestaram em Barcelona contra a separação da Catalunha

As ruas de Barcelona foram tomadas neste domingo por dezenas de milhares de pessoas que expressaram sua oposição à possível declaração de independência da Catalunha. O protesto demonstra que, apesar da vitória dos separatistas em referendo, a questão é dividida na região. De acordo com os organizadores, a marcha contou com 930 mil pessoas, mas a polícia local afirma que o protesto contou com a participação de 350 mil.

Com bandeiras da Espanha e da Catalunha e cartazes com os dizeres “Catalunha é Espanha” e “Juntos somos mais fortes”, políticos e personalidades espanhóis e catalães se uniram à marcha. No sábado, o primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, afirmou que estuda remover o governo da Catalunha ou até mesmo suspendes a autonomia da região para impedir a secessão. A movimentação acontece a poucos dias de uma possível declaração de independência. O líder catalão Carles Puigdemont é esperado no parlamento da região na terça-feira, e a expectativa é que ele declare a independência unilateral da Catalunha.

A Catalunha é uma rica região no nordeste da Espanha com 7,5 milhões de pessoas. A constituição espanhola reconhece a autonomia catalã, que têm sua própria língua e cultura. Num referendo realizado no dia 1º de outubro, 2,3 milhões de catalães participaram de um referendo e mais de 90% dos votantes decidiram pela independência.

Apesar da vitória acaçapante, apenas 43% dos 5,3 milhões de eleitores participaram do referendo, que foi proibido e reprimido pelo governo espanhol. Milhares de policiais foram enviados à região, e cerca de 900 pessoas ficaram feridos na repressão à votação em cenas que chocaram o mundo.

A perda da Catalunha é fato impensável pelo governo espanhol. A região concentra cerca de 16% da população espanhola, um quinto da produção econômica e mais de um quarto das exportações. Além disso, é o principal destino turístico para estrangeiros, com cerca de um quarto do total, sobretudo para a capital catalã, Barcelona.

A decisão política pela secessão pode provocar estragos econômicos, tanto para a Espanha como para a Catalunha, afirmou o presidente da principal organização patronal do país, Juam Rossell. Em entrevista ao diário “ABC”, Rossell destacou que as empresas estabelecidas na região estão “terrivelmente preocupadas” com a possível declaração de independência. A questão política pode retirar da Catalunha sedes de bancos e grandes companhias. A crise também preocupa outros governos da União Europeia, que temem o impacto da secessão na economia espanhola, a quarta maior da zona do euro. Além disso, a independência catalã pode inflamar outros grupos como os flamengos, na Bélgica, e os lombardos, na Itália.

O protesto deste domingo foi organizado pelo grupo anti-independência Sociedade Civil Catalã, sob o slogan “Vamos recuperar nossos sentidos”. A ideia é mobilizar o que eles acreditam ser uma “maioria silenciosa” de catalães que se opõem à secessão, mas não participam da mobilização política. Este é o segundo dia consecutivo de protestos contra o movimento separatista. No sábado, milhares de pessoas foram às ruas em mais de 50 cidades em toda a Espanha, em defesa da unidade nacional.

Até este fim de semana, o primeiro-ministro foi vago sobre a possibilidade de uso do artigo 155 da Constituição, considerada a opção mais drástica por permitir a retirada do governo regional e a realização de novas eleições. Questionado se estaria disposto a utilizá-lo, Rajoy disse ao jornal “El País” neste sábado: — Eu não descarto nada que esteja dentro da lei. Idealmente, nós não deveríamos ter que tomar soluções drásticas, mas para que a secessão não aconteça teremos que ter mudanças.

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