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No Rio escolas superam crise, e vam para Sapucaí no primeiro dia de Carnaval

No Rio de Janeiro, o melhor carnaval do mundo, começa com seis escolas de samba que abriram os desfiles da Série A nesta sexta-feira, primeiro dia de carnaval na Marquês de Sapucaí. Foram elas: Unidos de Bangu, Império da Tijuca, Acadêmicos do Sossego, Unidos do Porto da Pedra, Renascer de Jacarepaguá e Estácio de Sá.

Unidos de Bangu: Com o enredo ‘A travessia da Calunga Grande e a nobreza negra no Brasil’, a Unidos de Bangu foi a primeira escola de samba a pisar na Marquês de Sapucaí, nesta sexta-feira, abrindo os desfiles da Série A. A agremiação da Zona Oeste apostou no seu samba – considerado um dos melhores do ano no grupo – para ficar no Grupo de Acesso. Apostamos no samba. Na força do enredo enjoado canto do componente. A dificuldade é visível. É gritante. Vamos apostar no canto do componente — disse o carnavalesco Cid Carvalho. A Bangu desfilou na Série A pela última vez em 2015, quando foi rebaixada.

Império da Tijuca: Era o Império da Tijuca de seus belos enredos afros. Segunda escola a desfilar nesta noite de abertura da Série A, a agremiação levou para a Avenida o enredo “Olubajé: um banquete para o Rei”, dos carnavalescos Jorge Caribé e Sandro Gomes. De longe, a verde e branca muitas vezes podia até parecer uma agremiação rica na avenida. Mas se aproximasse, era perceptível que a beleza era resultado da criatividade e do aproveitamento de materiais simples e baratos.

A coroa, símbolo da escola, era feita de isopor. A palha estava na roupa da comissão de frente e nos carros alegóricos. E chapéus de palha viraram também barra da saia da baiana. Descansos de panela enfeitaram o segundo carro e o figurino da bateria. Já a fantasia do segundo casal de mestre-sala e porta-bandeira tinha parte coberta de pipoca, que era jogada para o público também no último carro, onde desfilaram as adolescentes e as senhoras do Morro da Formiga.

Acadêmicos do Sossego: Terceira escola a desfilar nesta sexta-feira com o enredo “Ritualis”, a Acadêmicos do Sossego apostou em um carnavalesco estreante em solo carioca para se firmar na Série A. A agremiação, que desfilou pelo grupo de acesso pela primeira vez no ano passado, quando obteve a 11ª colocação entre as 14 escolas, contratou Peterson Alves, que já trabalhava como carnavalesco em Vitória.

No estilo que parece ser a tônica neste ano, a escola também deixou de lado penas, plumas e faisões e optou por penas artificiais em grande parte das alas. No abre-alas, a palha também aparece como um material barato que deu muito efeito na Avenida. A Acadêmicos do Sossego encerrou o seu desfile com 54 minutos, dentro do tempo permitido de acordo com o regulamento da Lierj. O destaque foi o samba, uma obra sem verbo, defendida pelo experiente intérprete Nego, que retornou à Sapucaí após dois carnavais.

Porto da Pedra: Cantando as rainha do rádio, a Unidos do Porto da Pedra apostou em alegorias e fantasias de fácil leitura, acabamento caprichado e no colorido para tentar voltar para o Grupo Especial. Os personagens do enredo estavam na comissão de frente e até na roupa do mestre de bateria. Mestre Pablo se apresentou fantasiado de Cauby Peixoto, com máscara e peruca, inclusive. Para mim é uma honra homenagear o rei do rádio. Só me transmite mais energia — disse ele O esforço da escola era evidente. Mas se percebia também que não tinha a riqueza de alguns de seus desfiles no Grupo Especial.

Enquanto a Sossego começou agradecendo à prefeitura de Niterói, a Porto da Pedra iniciou o desfile protestando por não ter tido ajuda da prefeitura de São Gonçalo. Falando de estrelas do rádio, o que atravessou também foi o samba. Embora cantado pela escola, não empolgou o público. Mesmo com o retorno do intérprete Luizinho Andanças à vermelha e branca.

Renascer de Jacarepaguá: Superar a dor de incêndios. Essa foi a missão da Renascer de Jacarepaguá, quinta escola a pisar na Sapucaí neste primeiro dia desfiles da Série A. O enredo “Renascer de flechas e lobos” é assinado pela dupla Raphael Torres e Alexandre Rangel. A ajuda maior que eu tive foi dá comunidade. Eu venho pra Avenida hoje pra mostrar que o fogo destrói com intensidade, mas que o amor constrói ainda mais. Já somos vitoriosos. Muito obrigado Imperatriz Leopoldinense, Luiz Pacheco Drummond — disse Antônio Carlos Salomão, presidente da escola.

Estácio de Sá: O encerramento do dia ficou por conta da Estácio de Sá, que falou sobre os mercados populares com o enredo “No Pregão da Folia, sou Comerciante da Alegria e com a Estácio Boto Banca na Avenida”. Quando a escola entrou na Avenida, a vibração mudou, e a noite morna de sexta-feira na Sapucaí ficava para trás. O povo da primeira escola de samba entrou na pista rasgando o chão, batendo forte no peito. Nem parecia a escola que teve enormes dificuldades na madrugada anterior para tirar seus carros do barracão em direção à Avenida Presidente Vargas.

A tônica foi a animação, ajudada também por um conjunto de fantasias leves e bem acabadas. Até o samba contestado antes do carnaval funcionou. Sem falar do tratamento estético dado pelo carnavalesco Tarcísio Zanon aos carros alegóricos. O abre alas tinha um índio prateado na frente, e depois explodia em vermelho sangue. Já o segundo carro, apesar de um problema com a iluminação, era outro dos mais belos carros da noite, com o nome da Estácio escrito com flores, e bancas com frutas de verdade. No fim, o último carro lembrou os grandes nomes e desfiles da Estácio. A atriz Vera Fischer e o carnavalesco Chico Spinoza vinham como destaque.

Na comissão de frente, caixas viravam barraquinhas de ambulantes. A bateria Medalha de Ouro também deu show. No fim, muitos integrantes chegaram à Apoteose chorando e houve gritos de campeã. Parecia um alívio pelos problemas na concentração.

Neste sábado, a partir das 22h, sete escolas encerram os desfiles da Série A: Alegria da Zona Sul, Acadêmicos de Santa Cruz, Unidos do Viradouro, Acadêmicos da Rocinha, Acadêmicos do Cubango e Unidos de Padre Miguel.

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