Ex-presidente Lula é aclamado em comício: “Lula, ladrão, roubou meu coração”
Ainda falta um ano para as eleições no Brasil, mas o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva está em plena campanha, com direito a recepção digna de estrela do rock de multidões de adoradores em uma caravana recente pelo estado de Minas Gerais.
“Lula, ladrão, roubou meu coração!”, dizia um dos cartazes em um comício na cidade de Diamantina. O sonho do retorno, no entanto, pode acabar a qualquer momento se o tribunal de 2ª instância decidir que o ex-presidente roubou mais do que isso e mantiver a condenação do líder de esquerda, acusado de corrupção.
Talvez a maior dúvida das eleições de 2018 seja se Lula, que atualmente detém uma diferença de 20 pontos nas pesquisas de opinião em relação ao rival mais próximo, poderá participar. A ameaça iminente à liberdade e à carreira política de Lula está em um tribunal de 2ª instância formado por três juízes que atualmente analisa a sentença de nove anos e meio de prisão.
Não há prazo para a decisão. Mesmo que o tribunal anule o veredicto, Lula enfrenta mais cinco ações judiciais e três investigações policiais. Segundo a lei da “ficha limpa” em vigor no Brasil, quem tem condenação confirmada fica impedido por oito anos de se candidatar a cargos públicos.
Contudo, os investidores estão levando a candidatura de Lula a sério. E estão preocupados. “Há um medo com Lula, isso é inegável”, disse Newton Rosa, economista-chefe da Sul América.
Em discurso, em 26 de outubro, o ex-presidente prometeu revogar um dos pilares do governo do presidente Michel Temer: o limite aos gastos públicos previsto na Constituição. Lula também levantou a possibilidade de realizar um referendo sobre algumas das outras reformas pró-mercado do governo atual.
Mesmo que o tribunal de 2ª instância confirme a condenação de Lula, se a opinião dos juízes não for unânime ele poderá pedir uma liminar, suspendendo a decisão e mantendo a candidatura.
Por enquanto, o mercado aguarda a decisão em 2ª instância antes de avaliar as chances de Lula concorrer em 2018, segundo Camila Abdelmalack, economista da CM Capital Markets.
Lula e o PT
Oficialmente, o Partido dos Trabalhadores (PT) diz não ter outro candidato. Segundo Lula e outros líderes do partido, os processos contra ele são “perseguição política”. Alguns membros disseram inclusive que o partido considera a possibilidade de boicotar as eleições se Lula for impedido de concorrer.
“O Partido dos Trabalhadores não tem outro candidato”, disse Juliano Griebeler, analista político da consultoria Barral M Jorge, que acrescenta que manter Lula no quadro ajuda a manter o partido unido. “Após o impeachment houve praticamente uma debandada”, disse ele, em referência ao impedimento de Dilma Rousseff, sucessora escolhida a dedo por Lula. “Em todo lugar teve gente deixando o PT”, acrescentou.