União Europeia é um inimigo para o Estados Unidos diz Trump
Donald Trump lançou neste domingo outra bomba antidiplomática ao afirmar que a União Europeia é um “inimigo” para os Estados Unidos em termos de comércio. A declaração foi dada durante uma entrevista ao canal norte-americano CBS e sem qualquer matiz, como epílogo de uma turbulenta cúpula da OTAN em Bruxelas e uma visita também complicada ao Reino Unido na semana que passou. As duas investidas agravaram a grita de Trump contra seus velhos aliados. “Temos muitos inimigos. Acho que a União Europeia é um inimigo, pelo que nos fazem no comércio”, respondeu o líder da maior potência mundial quando perguntado sobre quem considerava ser os principais rivais do país que governa.
Ato seguido, Trump citou a China e a Rússia, embora de forma mais matizada. “Rússia é um inimigo em certos aspectos. China é na economia, mas isso não significa que sejam maus, significa que são competitivos”. Donald Tusk, presidente do Conselho Europeu, reagiu imediatamente por meio de sua conta no Twitter enfatizando: “Os EUA e a UE são melhores amigos. Quem quer que diga que somos inimigos está espalhando fake news”. A expressão em inglês para notícias falsas é uma das favoritas do norte-americano para denegrir os meios de comunicação que o criticam ou apontam suas contradições.
Cúpula com Putin
O presidente dos EUA expande a lista de seus ataques um dia antes de seu encontro em Helsinque, na Finlândia, com o presidente russo, Vladimir Putin. Trata-se de uma reunião com um líder a quem o ocupante da Casa Branca evita criticar desde que lançou sua carreira para a presidência, em contraste com sua agressividade com respeito aos aliados habituais e apesar das graves acusações de interferência que seu próprio Governo lançou contra o Kremlin.
Na sexta-feira, apenas três dias antes da reunião na Finlândia, o Departamento de Justiça apresentou acusações contra 12 oficiais da agência de inteligência militar russa acusados de roubar e divulgar documentos da campanha de Hillary Clinton de 2016. Na entrevista deste domingo, Trump também foi perguntado se ele aproveitaria a cúpula na segunda-feira para pedir a Putin a extradição dos acusados e Trump respondeu desapaixonadamente: “Eu não pensei nisso, eu posso fazê-lo”. Questionado se vai ao menos tocar no assunto, o que havia prometido antes de deixar Washington, também evitou críticas ao presidente russo. “Isso foi durante o Governo Obama, o que eles tiveren feito, foi durante o Governo Obama”, ele insistiu.
Durante seu Governo, o republicano passou de negar a interferência russa em si, o que significava desacreditar as agências de inteligência de seu país, para aceitá-la com relutância, embora negue qualquer peso da trama russa em sua vitória eleitoral. Ele também nega qualquer conivência de sua equipe de campanha ou seu círculo com Moscou na interferência, algo que ainda está sob investigação.