Sob protestos, Presidente Maduro tenta reeleição para governar até 2025
Um dos primeiros venezuelanos a votar na manhã deste domingo, 20, foi o presidente Nicolás Maduro, acusado por opositores de promover uma eleição sem garantias democráticas. O candidato à reeleição antecipou o processo eleitoral, previsto para o fim do ano, aproveitando um momento em que os principais líderes antichavistas estão impedidos de concorrer. Os opositores decidiram então boicotar a eleição e conseguiram que ela não seja reconhecida por parte da comunidade internacional.
“Fui o primeiro venezuelano a votar. É preciso fazer um governo de diálogo. Vou insistir no diálogo para a paz com todos os setores” , disse Maduro ao votar no colégio Miguel Antonio Caro, no bairro de Catia, em Caracas.
Seu primeiro mandato não se caracterizou pelo diálogo. O chavismo controla o Conselho Nacional Eleitoral, o Judiciário e o Legislativo, que teve funções tomadas por uma Assembleia Constituinte criada no ano passado. Protestos contra o avanço chavista sobre o Congresso resultaram em pelo menos 121 mortes.
Políticos opositores como Henrique Capriles (que perdeu para Maduro em 2013 e foi impedido de concorrer pela Justiça) e Leopoldo López (em prisão domiciliar) se recusaram a se unir em torno de um nome autorizado a competir e convocaram o boicote. Isso colocou como principal rival de Maduro o ex-chavista Henri Falcón.
Maduro, que pretende conquistar o direito de governar até 2025, tentou nos últimos dias dar legitimidade ao processo. Prometeu que reconhecerá uma derrota imediatamente e convocou jornalistas a fazer imagens dele com “observadores estrangeiros”, políticos e diplomatas com vínculos com o chavismo.
Há 20 milhões de eleitores habilitados a votar. O resultado depende essencialmente da adesão dos eleitores antichavistas ao boicote. As últimas pesquisas do instituto Datanálisis colocam Falcón à frente de Maduro, mas em Caracas a mobilização de opositores nas ruas era discreta. Em contrapartida, os chavistas ocupavam ônibus pagos pelo Estado para chegar aos centros de votação.
O voto não é obrigatório no país e o processo é eletrônico. Depois de escolher seu candidato na tela, o eleitor deposita um comprovante de papel em uma urna de papelão.
Entre os opositores que decidiram votar, um argumento comum era que a participação seria necessária para não deixar o chavismo manipular o voto dos ausentes. Já entre aqueles que preferem não ir às urnas, o objetivo principal é inflar a abstenção para contestar a legitimidade de um novo mandato de seis anos de Maduro. Em três anos, o presidente poderia ser submetido a um referendo revogatório que encurtaria seu mandato.