Reserva de emergência ultrapassa a casa própria em prioridade financeira para os brasileiros?
As prioridades mudam conforme muda o mundo?
Quando falamos sobre dinheiro, muitas coisas vêm à nossa cabeça: economia, poupança, taxa de carregamento previdência, reserva de emergência, contas a pagar… A lista é longa!
Nos últimos tempos, a pandemia tem nos feito olhar com outros olhos para a nossa saúde financeira. Não só ela, na verdade: ao mesmo tempo, temos enfrentado dificuldades no cenário internacional, aliada ao aumento vertiginoso da inflação, dos aluguéis, dos gastos básicos de vida.
Em uma situação do gênero, é óbvio que precisamos repensar sobre como fazemos uso dos nossos recursos financeiros. Planejar-se para o futuro importa, assim como manter um dinheiro guardado para circunstâncias emergenciais – como o surgimento de um novo vírus, o aumento no número de desempregados, etc.
Diante de tudo isso, como os brasileiros têm se portado? Será que a casa própria, outrora prioridade para tantas pessoas e famílias, têm vindo depois da chamada reserva de emergência ou de planos de propriedade privada? No que estão pensando os investidores? Vamos falar um pouco mais sobre o assunto a seguir.
Investimentos: o que o brasileiro tem feito?
Segundo a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (AMBIMA), que produziu o documento Raio X do Investidor 2021, os brasileiros têm apostado em ações, títulos privados e fundos.
A caderneta de poupança, sobre a qual falamos bastante em nossos artigos, perdeu força pela primeira vez em quatro anos. Isso pode significar, na verdade, que o brasileiro tem percebido o potencial de outros tipos de investimentos – e que tem se preocupado em fazer render em vez de apenas acumular.
Apesar disso, 29% dos entrevistados ainda aposta na caderneta de poupança. 5% vão para os fundos de investimento; outros 5%, por sua vez, preferem títulos privados.
Espera-se que, com o passar dos anos e o aumento das percepções acerca das possibilidades de outros investimentos, os entusiastas da poupança migrem seus aportes para possibilidades de maior rentabilidade.
De onde tem vindo o dinheiro investido?
A pandemia, como sabemos, nos impediu de fazer parte de uma série de situações sociais. O aumento dos gastos e a preocupação com problemas de ordem financeira, por sua vez, engatilharam a necessidade de poupar dinheiro.
Para 56% dos entrevistados, a maior parte do dinheiro que veio a ser investido “sobrou” após a redução dos gastos com viagens, festas e idas a restaurantes ou bares.
Interessante pensar nisso – e interessante pensar em manter essa margem de “sobra” mesmo quando a situação voltar ao normal, uma vez que se trata de um dinheiro que, quando bem investido, pode gerar benefícios múltiplos.
Reserva de emergência: qual é a importância?
A pesquisa já citada identificou que quase 20% da população do Brasil precisou se endividar, se descapitalizar ou vender algum bem para manter as contas em dia. A utilização da reserva de emergência também foi muito citada, o que alardeia a importância de planejar os gastos e de nunca ‘gastar por gastar”.
O levantamento diz que 12% da população, cerca de 12,5% milhões de pessoas, retiraram dinheiro de aplicações financeiras para fechar as contas. 11%, por sua vez, pediram empréstimo, utilizaram o cheque especial ou o rotativo do cartão quando a situação ficou mais complicada.
Esse conjunto de informações evidencia que, embora a pandemia tenha sido difícil para boa parte das pessoas, em especial para aquelas que fazem parte da chamada classe C, alguns indivíduos foram menos atingidos.
Estes, pelo que nos sugerem os dados, já possuíam uma preocupação com o planejamento financeiro e com investimentos de alta liquidez, geralmente escolhidos por quem deseja fazer uma reserva de emergência rentável e que pode ser acionada sem muitas perdas em momentos de necessidade.
Respondendo, agora, à pergunta do título deste artigo: no momento, sim, a reserva de emergência é uma prioridade maior do que a casa própria. Por que dizemos “no momento”? Porque a pandemia é uma realidade da qual não podemos fugir e que tem imenso impacto nas escolhas que fazemos cotidianamente.
Segundo o Raio X do Investidor, a atual configuração se dá pela necessidade de segurança.
Perguntamos, inevitavelmente, se a opção por uma reserva de emergência também não está ligada à inexistência de recursos para pagar as parcelas de uma casa e, ao mesmo tempo, guardar dinheiro.