Presidente Temer afirmou que “Não tenho medo de ser preso como o Lula”
O presidente Michel Temer afirmou, em entrevista à rádio CBN, que não tem medo de ser preso, a exemplo do que ocorreu com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A declaração veio no mesmo dia em que o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), atendeu ao pedido da Polícia Federal para prorrogar por 60 dias o inquérito que o investiga, além de outros aliados, por suspeitas de irregularidades na edição do Decreto dos Portos. “Não temo (ser preso) não. Seria uma indignidade. Lamento estarmos falando sobre isso”, disse Temer, quando foi perguntado sobre a possibilidade levantada por procuradores de ser alvo de medidas cautelares assim que deixar o governo.
Temer voltou a negar ter beneficiado a empresa Rodrimar ao editar o Decreto dos Portos e disse que não há motivos para o processo ter prosseguimento. A defesa do presidente chegou a pedir o arquivamento das investigações, o que foi negado por Barroso. “Um inquérito que começa sem saber por que, prossegue sem saber por que e certamente vai terminar sem saber por quê”, avaliou. “É como fazer inquérito para investigar um assassinato que não tem cadáver.”
Para o presidente, há uma “tentativa de irritá-lo ao invés de preservar a ordem jurídica e examinar os autos”. Ele afirmou ainda que é vítima de uma “campanha feroz” contra sua honra, que “aumentou brutalmente sob o ângulo moral” após ter admitido a possibilidade de concorrer à reeleição. Em outro momento da entrevista, Temer disse que é “demonizado”, e que as ações promovidas por seu governo não são reconhecidas.
Em 2016, duas denúncias contra o presidente Michel Temer apresentadas pela Procuradoria Geral da República foram barradas pela Câmara dos Deputados. As ações foram apresentadas após vir à tona encontro de Temer com o empresário Joesley Batista, da JBS, no Palácio da Jaburu. O presidente disse ter se “arrependido” de receber o executivo, mas que foi uma audiência como outras que fazia normalmente com empresários. Temer declarou ainda que as duas denúncias foram “quase dois processos de impeachment”.
Eleição presidencial
Temer admitiu que poderia abrir mão para apoiar outro candidato, como Geraldo Alckmin (PSDB) ou o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (Dem). “Se o sujeito vai ou não vai com a minha cara, eu não me incomodo minimamente, tenho condições psicológicas tranquilas. O que eu quero é que ele vá com a cara do governo, com a cara das teses do governo. Porque, se for falar mal do governo, evidentemente eu serei contra.”
Joaquim Barbosa
Sobre a possível candidatura do ex-presidente do Supremo Joaquim Barbosa pelo PSB, Temer criticou a ideia de uma candidatura “antipolítica”, porque a administração pública está, segundo ele, enraizada no conceito de política.