Pais do jovem que alvejou dois em Colégio de Goiânia, teme por segurança
O pai do adolescente de 14 anos que abriu fogo contra a turma de escola, um major da Polícia Militar (PM) de Goiás, disse neste domingo ao GLOBO que a família está “muito abalada” e que o destino do filho ainda está indefinido. Na noite de sábado, a juíza plantonista Mônica Cezar Moreno atendeu a um pedido do Ministério Público de Goiás e determinou a internação provisória do jovem por 45 dias, com transferência imediata para o Centro de Internação Provisória de adolescentes em Goiânia.
A advogada da família, Rosângela Magalhães, tenta evitar que o jovem deixe neste domingo a cela da delegacia especializada em atos infracionais, onde está isolado desde a tragédia no Colégio Goyases, no fim da manhã de sexta-feira. Ela teme pela integridade física do adolescente, por entender que o Centro de Internação Provisória não tem condições para recebê-lo com segurança, principalmente porque o garoto é filho de policiais militares e também porque o caso teve grande repercussão e comoção.
A arma usada era da PM goiana, instrumento de trabalho da mãe do adolescente, sargento da PM. Ela passou mal e foi hospitalizada depois do episódio. O pai é major da PM. Os adolescentes João Pedro Calembo e João Vitor Gomes, de 13 anos, foram baleados e morreram dentro da sala de aula. Outros quatro alunos do oitavo ano do ensino fundamental ficaram feridos. Uma menina permanece em estado grave.
— É uma situação muito difícil, indefinida para toda a família. Não tenho condições, não estou preparado para dar nenhum depoimento nesse momento em relação ao que aconteceu. Fui orientado pela própria promotoria e pela advogada. A família está muito abalada ainda. Não tem nenhuma definição ainda quanto à questão do meu filho — disse o pai do jovem.
A reportagem questionou se ele teme pela segurança do filho:
— Tudo que for feito dentro da legalidade será feito. A Justiça está aí, a Justiça vai definir tudo. Vai cumprir todos os ritos, evidentemente.
Segundo a juíza de Goiânia, o pedido do MP especifica que os atos infracionais do adolescente são análogos ao homicídio qualificado previsto no Código Penal, mais especificamente os incisos que falam em motivo fútil e emboscada, que impede a defesa da vítima. A internação provisória, então, como medida extrema, se faz necessária porque há indícios suficientes de autoria e necessidade de garantia da segurança pessoal do adolescente e também da ordem pública, como consta na decisão.
Ainda segundo Mônica, “é de grande relevância ressaltar que se trata de ato gravíssimo, pois o adolescente, com o emprego de arma de fogo, ceifou a vida de dois adolescentes, colocando em risco a vida de outros tantos, inclusive com sérias lesões à integridade física e psicológica de alguns deles”. “O fato trouxe grande repercussão em todo território nacional com abalo à opinião e à ordem pública, de maneira que cabe ao Poder Judiciário uma postura de rigidez frente ao ocorrido, inclusive como forma de preservar a integridade física do representado”, disse a juíza.