Nego do Borel afirma: “Deus me trouxe até aqui, me honrou, e hoje sou feliz”
Nos anos 1980 e 1990, o Morro do Borel, na Tijuca, Zona Norte do Rio, era sinônimo dos violentos conflitos entre a polícia e o tráfico de drogas, que aterrorizavam os moradores e ganhavam os noticiários da época. Foi lá que, em 1992, nasceu Leno Maycon Viana Gomes, o cantor Nego do Borel, filho único de Roseli Viana e Nelcir Gomes. Criado com dificuldade pela mãe e pela avó, Elza Viana, ele não esquece dos perrengues – da violência à falta do que comer – que enfrentou na favela antes de se tornar famoso. “Só Deus sabe o que passei. Quando estava lá no Borel pobre, com meus dentes podres doendo, chorando, ajoelhava no meu quarto de barro e pedia: ‘Deus, por favor, faça com que eu seja famoso um dia.
Por favor, me ajuda! Se o senhor me fizer ficar famoso, juro que vou ajudar minha mãe e minha avó e dar uma vida melhor para a minha família’. Papai do céu conhece meu coração. Pedi e não sabia se ia acontecer. Deus é muito maravilhoso na minha vida!”, recorda Nego, que, hoje, aos 25 anos, mora com a mãe em uma mansão com três andares e quatro suítes, avaliada em 2 milhões de reais, em Vargem Grande, Zona Oeste carioca. Profissionalmente, Nego também está cheio de motivos para comemorar. No dia 22 de fevereiro, ele se apresentou com Maluma no Premio Lo Nuestro, em Miami. O evento é promovido pela TV de língua hispânica dos Estados Unidos, a Univision, e celebra o melhor da música latina.
Com seu primeiro cachê mais gordo, Nego não pensou duas vezes: comprou um computador e fez um tratamento dentário completo. “Também comprei dentaduras para minha mãe, minha avó, meu tio e minha prima. Com 18 anos, minha prima teve que botar prótese dentária porque tinha todos os dentes podres”, conta ele, que ainda se assusta com tudo o que conquistou em apenas sete anos de carreira na música. “Morando no Borel, não imaginava que chegaria onde cheguei. Imaginava que, no máximo, pudesse ter um computador, um carrinho e uma casinha legalzinha na comunidade. Nunca imaginei que um dia seria indicado como Melhor Cantor no Melhores do Ano do Faustão, por exemplo. Ano passado, durante a premiação, olhava para um lado e via o William Bonner, olhava para frente e via a Juliana Paes, para o outro lado e via a Paolla Oliveira. Só tinha gente bacana, de quem sou fã para caramba!”, afirma.
Com músicas de sucesso como “Contatinho”, com Luan Santana, “Você Partiu Meu Coração”, com Anitta, a quem chama de irmã, e Wesley Safadão, e “Corazón” com Maluma, Nego acredita no poder das parcerias. E sonha alto, muito alto. “Meu sonho é fazer uma parceria com o Justin Bieber. Mandei até um direct para ele. Imagino o Justin e eu gravando um clipe no centro do Rio ou no deserto. Já tenho até o roteiro na cabeça”, diz ele, que faz questão de cuidar de perto de seus negócios. “Abri meu próprio escritório. Tem a galera do marketing, do digital, da assessoria e do financeiro. Minha carreira é como um time de futebol: se cada um joga bem na sua posição a gente consegue o título. Sou o atacante e o que vem para mim é gol. Minha galera trabalha para a gente sair vitorioso. E vem dando certo, graças a Deus”, comemora o cantor, que é evangélico e adora música gospel. “Ouço muito Gabriela Rocha, Priscilla Alcântara, Thalles Roberto. Mas também adoro Justin Bieber, Seu Jorge, Dilsinho, Ferrugem e Bruno Mars”, lista. Bem-humorado, ele se diverte ao contar a origem de seu nome de batismo. “Minha avó era fã do Michael Jackson e minha mãe do John Lennon. Minha família é meio maluca da cabeça. Aí ficou Leno Maycon”, explica, aos risos.
Apesar dos recentes rumores de término do namoro com a modelo e apresentadora Júlia Schiavi, de 20 anos, os dois continuam juntos. “Namoramos há um ano e cinco meses. Conheci a Júlia em um show que fui fazer no Baile da Favorita em São Paulo. Ali começamos a ficar e ela não soltou mais o negão”, brinca o cantor, garantindo que a namorada não sente ciúme de seu público feminino. “A Júlia confia muito em mim, sabe que jamais – em hipótese alguma – vou olhar para outra mulher”, afirma ele.
HUMOR
“Me acho um pouco engraçado. Às vezes estou em casa, sozinho no meu quarto, e fico pensando: ‘caraca, será que sou maluco?’ Faço umas doideiras e penso: ‘o que é que estou fazendo? Isso não é normal, mané! Isso é doideira!’ Fico dançando no espelho como se fosse o Bruno Mars e aí deito na cama e fico tentando compor uma música e saem umas coisas que não têm nada a ver (risos)”.
ESPONTANEIDADE
“Sou muito espontâneo, então tenho que equilibrar. Porque hoje tenho um poder muito maior do que imagino. Às vezes a gente não tem noção do tamanho que a gente é. Eu não tenho noção. Quando estou no avião e ele sobrevoa o Rio, sempre penso: ‘caramba, aquilo tudo me conhece. Todas aquelas casinhas lá embaixo!’ E vem aquela famosa responsabilidade e a culpa na consciência. Fico pensando: ‘poxa, sou um exemplo para o meu Borel, para a minha comunidade’. Pode ter aquela criança lá que quer cantar, quer ser um jogador de futebol, quer ser um professor, mas não tem força de vontade, acha que não vai conseguir porque está naquela peleja dentro da comunidade, não tem comida para comer e perde a força.
FÉ
“Quem me trouxe até aqui foi o meu Papai do Céu. Ele me honrou e hoje sou feliz. O que tenho para agradecer a Ele é o que já falei que ia fazer: ‘ajudar minha família e ser um exemplo para a minha comunidade’. Mas não sou perfeito, tenho as minhas falhas. Por causa da mídia, da fama e de tudo o que envolve meu trabalho não posso expor tudo da minha vida”.