Médico da seleção ginástica olímpica dos EUA, admitiu abuso sexual das atletas
Larry Nassar, ex-médico da seleção de ginástica dos Estados Unidos, se declarou culpado das acusações de abuso sexual de sete garotas, a maioria atletas. Aly Raisman, Gabby Douglas e McKayla Maroney, medalhistas de ouro nas Olimpíadas, estão entre as mais de 130 que o acusam de algum tipo de violação sexual. Nassar, de 54 anos, foi acusado de se aproveitar de sua posição como médico das equipes de ginástica estadunidense e da Universidade de Michigan para abusar de garotas. Ele foi demitido da seleção nacional em 2015, apesar de as denúncias se referirem a casos de até 20 anos atrás.
Alegando se tratar de exames de rotina, o médico abusava sexualmente das atletas. Seus mais de 30 anos de experiência na área permitiam a Nassar cometer os crimes sob o discurso de estar realizando um tratamento legítimo. Nesta terça-feira (21), Gabby Douglas foi a terceira integrante do time de ginástica dos Estados Unidos a revelar ter sofrido abuso de Larry Nassar. Antes dela, Aly Raisman e McKayla Maroney já haviam denunciado o médico publicamente.
“Eu não compartilhei minhas experiências e muitas outras coisas porque, por anos, nós fomos condicionadas a permanecer em silêncio e, honestamente, algumas coisas foram extremamente dolorosas”, publicou a medalhista olímpica em uma rede social.
Aly Raisman, por sua vez, havia revelado os abusos no início do mês, no programa “60 minutes”, da rede de televisão CBS News. Ela foi a capitã da equipe que ganhou ouro nas Olimpíadas de 2012, em Londres, e 2016, no Rio de Janeiro. No programa, a atleta defendeu as companheiras, criticadas por demorarem tanto tempo a divulgar os casos de abuso.
“O que o time nacional de ginástica dos Estados Unidos e Larry Nassar fizeram para manipular tanto essas garotas a ponto de deixá-las com tanto medo de falar?”, questionou Raisman. Durante o julgamento, a capitã se mostrou indignada com o tratamento dado pela corte a seu abusador.
“A corte está se referindo ao Larry como doutor Nassar. Estou enojada. Estou muito decepcionada. Ele não merece isso. Larry é nojento. Larry é um monstro, não um doutor”, escreveu em sua rede social.
A assistente da procuradoria geral Angela Povilaitis ressaltou o abuso de autoridade que os crimes praticados por Nassar implicam. Ela ainda acrescentou que muitas das vítimas tinham entre 13 e 16 anos de idade na época em que foram violentadas.
“O réu estava em uma posição de autoridade e usou essa autoridade para coagir as vítimas”, disse à juíza do caso.
McKayla Maroney foi uma das atletas que mais sofreu nas mãos de Nassar. Em outubro, ela revelou, por meio de uma publicação em sua rede social, que o médico cometia abusos desde que ela tinha 13 anos. Hoje, McKayla tem 21 e não compete mais profissionalmente.
“Fui violentada pelo Dr. Larry Nassar, o médico do time olímpico feminino de ginástica dos Estados Unidos. O Dr. Nassar me disse que eu estava recebendo ‘tratamento médico necessário que ele vinha realizando em pacientes há mais de 30 anos’. Tudo começou quando eu tinha 13 anos e não acabou até eu deixar o esporte”, declarou a medalhista olímpica em Londres, que ganhou a prata individual e o ouro em equipe. McKayla revelou que os abusos aconteceram inclusive antes da conquista das medalhas em 2012.
“A noite mais assustadora da minha vida aconteceu quando eu tinha 15 anos. Eu tinha voado o dia todo com o time até Tóquio. Ele havia me dado um remédio para dormir no avião e a próxima coisa que eu me lembro é estar sozinha com ele no seu quarto de hotel recebendo ‘tratamento’. Pensei que fosse morrer naquela noite”, escreveu a ex-ginasta. A sentença de Larry Nassar será determinada no dia 12 de janeiro. É esperado que vítimas ainda não reveladas do médico se pronunciem na audiência que pode levar o ex-integrante da equipe estadunidense para a prisão pelo resto da vida. *Pedro Rubens Santos, estagiário do R7