MDB lançou o ex-ministro Henrique Meirelles a presidência
A 67 dias da eleição, o MDB oficializou nesta quinta-feira, 2, a candidatura do ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles à Presidência sem ter fechado qualquer aliança. Até agora, tudo indica que o partido, à frente do Palácio do Planalto desde o impeachment da presidente cassada Dilma Rousseff (PT), em 2016, irá sozinho para a disputa, com chapa pura e um candidato que tentará associar sua imagem à do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado e preso na Operação Lava Jato. Com 419 votos a favor, os delegados do MDB aprovaram a candidatura.
A senadora Marta Suplicy (SP) é um dos nomes cotados para ser vice na chapa. Ex-petista, ela ainda não tomou uma decisão sobre seu futuro político e não compareceu à convenção. Após votar na convenção, o presidente do MDB, senador Romero Jucá (RR), confirmou que a indicação do vice de Meirelles não está fechada. “Vamos delegar à Executiva Nacional do partido a aprovação do vice, nos próximos dias”, afirmou Jucá.
Estacionado em 1% das intenções de voto, Meirelles está à procura de uma mulher para compor a chapa. O eleitorado feminino representa 52% do eleitorado nacional e é responsável pela maioria dos votos em branco e nulos indicados em pesquisa de intenção de voto. A campanha avalia que Marta, ex-prefeita de São Paulo pelo PT, ajudaria o ex-ministro a crescer em pouco tempo para cerca de 5% da preferência do eleitorado.
Toda a campanha está sendo montada para que Temer fique distante do palanque de Meirelles em virtude da alta rejeição do presidente, hoje na casa dos 82%. Pesquisas do MDB indicam que a presença do presidente contaminaria não apenas a candidatura de Meirelles como quem dele se aproximar.
É por esse motivo que o ex-ministro tenta se aproveitar da passagem pelo governo Lula para obter apoio. Nas redes sociais, ele divulgou recentemente um vídeo no qual o ex-presidente o elogia. “Sou um homem que tenho muito respeito pelo Meirelles e devo a esse companheiro a estabilidade econômica e o respeito que o Brasil tem hoje no mundo”, afirmou Lula.
Apesar de ser uma espécie de fiador da governabilidade desde a redemocratização, o MDB não apresenta candidato próprio à Presidência há 24 anos, mas três vices já ocuparam o cargo. Antes de Temer, que assumiu o Planalto após o impeachment de Dilma Rousseff, em 2016, o partido comandou o País com José Sarney (1985 a 1990) e com Itamar Franco (1992 a 1994), que retornou ao entãoPMDB depois da queda de Fernando Collor.
Os marqueteiros do MDB montaram um painel com a projeção da foto do economista sobre a silhueta de Ulysses Guimarães (morto em 1992), parlamentar histórico do partido e opositor da didatura militar. A montagem que junta a sombra projetada de Meirelles à de Ulysses, dando uma ideia de continuidade, foi instalada num painel na entrada do auditório. Também foi montado um pôster de Ulysses com a Constituição de 1988, da qual foi um dos artífices. Não foram colocadas imagens de Temer no auditório.