Maduro proíbe doações de igrejas para o povo carente na Venezuela
O dilema político vivenciado pelos venezuelanos vai além da esfera pública. Ele diz respeito, também, ao uso das liberdades individuais, uma vez que o regime socialista autoritário de Nicolás Maduro tem atuado para interferir até mesmo na relação da população com às igrejas locais e internacionais, proibindo que estas façam doação de alimentos e outros suprimentos básicos para o povo necessitado.
Com a crise política instalada no país e intensificada a partir de 2014, os cristãos venezuelanos estão tendo dificuldade até mesmo para ir aos templos, cultuar a Deus, devido ao racionamento de itens básicos como a água e a energia elétrica.
Com a falta de produtos como açúcar e até papel higiênico, muitos também precisam minimizar seus gastos, saindo menos de casa para evitar novas despesas.
Recentemente, nem mesmo medicamentos puderam ser doados por um pastor local, após ele receber uma remessa enviada de igrejas estrangeiras. O líder religioso terminou sendo preso.
“O governo procura humilhar e difamar a Igreja de Cristo a qualquer custo”, disse uma líder evangélica que não teve o nome revelado por razões de segurança. “Na Venezuela vivemos em um sistema de governo de terror. Há muitas coisas acontecendo, mas não podemos publicar para que não tenhamos problemas”.
Foi ela quem revelou a prisão do pastor Marcelo Coronel, da igreja Rey de Paz, da cidade de Mérida, após ele tentar distribuir medicamentos ao moradores da região.
A alternativa encontrada por milhões de venezuelanos é a fuga do país à procura de melhores condições de vida nos países vizinhos, mas até para isso eles possuem dificuldades, já que muitos não têm condições de levar recursos suficientes para conseguir completar a viagem.
Na prática, o regime de Maduro indica que tenta impedir a realização de doações como forma de controlar a influência internacional no país, de acordo com informações do portal Noticias Cristianas.
Ciente de que às igrejas possuem grande participação na formação da opinião popular, uma vez que só as evangélicas totalizam cerca de 15.017, segundo informações do “Viceministerio de Política Interior y Seguridad Jurídica”, Maduro segue tentando se manter no poder ao custo do sofrimento da sua população.