A Igreja Católica reafirma pacto ao Partido Comunista da China
A Igreja Católica da China reafirmou neste domingo (23) sua lealdade ao Partido Comunista, ao mesmo tempo em que firmou um acordo histórico com o Vaticano sobre a nomeação de novos bispos. O Vaticano assinou no sábado um acordo reconhecendo a nomeação de bispos na China, prometendo reconciliar as relações diplomáticas entre ambos, rompidas há quase 70 anos. A Igreja Católica na China disse que “vai perseverar em seguir um caminho adequado a uma sociedade socialista, sob a liderança do Partido Comunista Chinês”.
A instituição também declarou que “ama profundamente a pátria” e apoiou o acordo, esperando que as relações entre a China e o Vaticano sejam ainda mais estreitadas. O Vaticano disse que o acordo, um avanço depois de anos de negociações, “não é político, mas pastoral”, e espera que isso leve à “plena comunhão de todos os católicos chineses”.
Impacto nas igrejas
Enquanto alguns católicos elogiam a iniciativa do Papa Francisco, outros definem o movimento como uma “submissão” ao regime político da China, que tem perseguido cristãos de igrejas domésticas não registradas.
Os protestantes devem seguir as normas do Movimento Patriótico das Três Autonomias e da Associação Cristã da China, enquanto os católicos devem se registrar na Associação Patriótica Católica. Todas as associações religiosas são supervisionadas pelo Estado.
Já as igrejas que não seguem a liturgia oficial do governo são consideradas clandestinas. As chamadas “igrejas domésticas” são formadas por cristãos que se reúnem nas casas. A China Aid, organização que defende cristãos perseguidos no país, também expressou suas preocupações. O acordo “poderia sujeitar igrejas que atualmente não estão sob controle do governo ao escrutínio e perseguição”, disseram em comunicado.
O número de cristãos chineses continua crescendo, embora seja impossível fazer uma contagem exata. O governo diz que são 25 milhões, sendo 19 milhões de protestantes e 6 milhões de católicos. No entanto, fontes não oficiais disseram à BBC News que os números oficiais são modestos demais. Entre as estimativas independentes, as mais conservadoras apontam para uma número em torno de 60 milhões.