Bombeiros encerram trabalhos em escombros de prédio que sofreu incêndio
Após 13 dias de buscas, o Corpo de Bombeiros terminou na manhã deste domingo o trabalho de buscas nos escombros do prédio que desabou no Largo do Paissandu, centro da capital paulista, após um incêndio na madrugada de 1º de maio. Ao todo, 1,7 mil bombeiros participaram da operação de combate ao incêndio e busca de vítimas no local. Quatro vítimas foram identificadas a partir de restos mortais encontrados e outras quatro ainda estão desaparecidas.
O governador de São Paulo, Márcio França, esteve no local do desabamento, na manhã de hoje e anunciou o fim dos trabalhos. Os bombeiros também se reuniram no local e fizeram uma oração. “Chegou ao fim. A gente, a partir de agora, entrega à prefeitura para que ela possa dar o destino melhor da área”, disse o governador.
Questionado sobre o motivo do encerramento das buscas neste domingo, o governador disse que já não há expectativa de encontrar outras vítimas: “o máximo que a gente pode fazer [de buscas] do ponto de vista de profundidade é essa. Os corpos que foram achados são aqueles que vocês já anunciaram, o resto não deve ter mais existência, deve ter sumido junto com toda a situação, porque é muito calor, o corpo desaparece praticamente, é comum nesse tipo de tragédia.”
Vítimas
No sábado 12, o Instituto de Criminalística de São Paulo identificou mais duas vítimas do desabamento: os irmãos gêmeos Wendel e Werner, de 10 anos, cujos fragmentos ósseos haviam sido encontrados na última quarta-feira. A mãe deles, Selma Almeida da Silva, de 48 anos, ainda está desaparecida.
Com isso, são quatro as pessoas identificadas vítimas do desabamento, junto a Ricardo Oliveira Galvão, de 38 anos; Francisco Lemos Dantas, de 56 anos. Outras quatro pessoas estão desaparecidas. No entanto, existem alguns restos mortais que ainda não foram identificados e possivelmente são de alguma delas.
Desaparecido
Na sexta-feira, o camelô Arthur Hector de Paula, de 45 anos, registrado como desaparecido e possível vítima no desabamento, se apresentou no 3º Distrito Policial (Campos Elíseos). Ele conta que estava no prédio, mas saiu minutos antes para tomar uma cerveja com um conhecido.
Na segunda-feira, 7, o Corpo de Bombeiros chegou a confirmar oficialmente as buscas pelo camelô, que passou a ser considerado do 6º desaparecido. Parentes registraram na segunda um boletim de ocorrência para informar o desaparecimento do homem. Ele foi localizado em Minas Gerais.
“Quando voltei, o prédio tinha caído. Fiquei uma semana lá no acampamento, não sabia que a minha família estava me procurando”, disse Paula. Ele contou que viajou para Belo Horizonte na terça-feira, 8, quando soube que o pai havia tido um AVC. A tia do homem, Irani de Paula, registrou boletim de ocorrência de desaparecimento do sobrinho na manhã de segunda-feira, 7. Ela relatou à Polícia Civil e à reportagem que havia procurado por ele desde o acidente no acampamento do Largo do Paiçandu e que nenhum morador o tinha visto.
O camelô disse que morava há cerca de um ano na ocupação na casa de amigos. Sobre não ter sido localizado pela tia, ele afirmou que foi um mal entendido. “Nós não temos televisão lá no acampamento, cada um está cuidando da sua vida e é muita gente em um único lugar. Por isso, não me acharam”, disse.
Quando registrou o desaparecimento, Irani explicou à polícia que o último contato que algum familiar teve com Paula havia ocorrido há dois meses, quando um primo o procurou para cobrar um dinheiro que havia emprestado para ele. Arthur voltou a São Paulo nesta sexta-feira, mas disse que retornaria a Belo Horizonte para “reconstruir sua vida” ao lado de dois dos seus quatro filhos.
O delegado Osvany Barbosa, titular do 3º DP, disse que o camelô foi ouvido e retirado da lista de desaparecidos. O delegado disse que Arthur não apresentou nenhum atestado médico ou qualquer documento que comprove o estado de saúde do pai. Informações do Estadão.