Bolsonaro disse que falta fé ao Brasil para ser mais parecido com Israel
O encontro organizado pelo pastor Silas Malafaia entre o presidente Jair Bolsonaro (PSL), o ministro José Dias Toffoli, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e o senador Davi Alcolumbre (DEM-AP) com um grupo de pastores no Rio de Janeiro foi marcado por declarações relevantes das autoridades.
Nomes como o pastor José Wellington Bezerra da Costa, presidente da Assembleia de Deus Ministério Belém, e o bispo Manoel Ferreira, presidente do Ministério Madureira, estiveram entre os convidados.
Bolsonaro falou sobre diversos temas, dizendo que a postura do Brasil na Organização das Nações Unidas (ONU) durante seu mandato será inspirada por princípios bíblicos. “Passamos a votar lá na ONU, nas questões dos Direitos Humanos, de acordo com João 8:32 […] De acordo com a verdade, passamos a votar junto com os Estados Unidos e Israel, além de outros países”.
O presidente também afirmou que pretende concluir a mudança da embaixada brasileira para Jerusalém, mas que precisa agir com cautela. “Como disse Silas Malafaia, quem decide onde é a capital ou não de Israel é o seu povo, o seu governo, são os seus parlamentares”, disse o presidente, de acordo com informações do jornal O Globo.
A explicação para a postura de cautela foi ilustrada por Bolsonaro: “Assumimos aquele compromisso e obviamente queremos cumprir, mas como um bom casamento, tem que namorar, ficar noivo e no meu caso ver se a noiva realmente me merece e partir para o casamento”, afirmou.
Como vem sustentando nos últimos meses, o presidente disse que “falta fé ao Brasil para ser mais parecido com Israel”, e que sua intenção ao se aproximar da nação amiga é procurar “uma maneira de transformar o nosso país no que é Israel”.
O ex-senador Magno Malta (PR-ES) esteve presente no evento e reencontrou-se com o presidente, que afirmou ter se emocionado. “Quase chorei, confesso. Que nunca mais nos afastemos”, disse Bolsonaro.
Toffoli
O presidente do STF também compareceu ao encontro e afirmou que o trabalho que os evangélicos merece ser reconhecido, pois cumprem um papel relevante, alcançando áreas que o Estado não tem presença. “Após momentos tão difíceis nos últimos quatro, cinco anos, com crise econômica agudíssima, com decréscimo do PIB, afetando principalmente as periferias, lá onde até o Estado não está muitas vezes, está uma igreja evangélica”, disse, antes de acrescentar que as igrejas formam “uma usina de solução de conflitos na base”.
“As senhoras e senhores atuam naqueles lugares que seguram muitas vezes a possibilidade do desespero humano chegar a sua última consequência”, elogiou. Toffoli foi indicado para o cargo de ministro do STF pelo ex-presidente Lula (PT), e antes, ele havia atuado como advogado do Partido dos Trabalhadores e sido reprovado em dois concursos para a magistratura. Nesse contexto, o pastor Silas Malafaia dirigiu-se a ele com sinceridade: “Tive dúvida quando foi colocado como presidente do Supremo”, disse o pastor, antes de pontuar que hoje vê o ministro atuando de forma a salvaguardar a Constituição.
Em outro momento de seu discurso, Malafaia falou sobre a postura adotada pelos evangélicos nas últimas eleições: “Não votamos em Bolsonaro exclusivamente por causa de agenda moral. Votamos porque ele tem vida limpa, [por causa da] questão da segurança, da corrupção, de um novo país, de desemprego, máquina emperrada”, disse o pastor.
Ele também comentou a pesquisa Datafolha que mostrou que, em três meses de governo, Bolsonaro tem a pior avaliação entre seus antecessores em primeiro mandato. “Nos últimos 24 anos, quem governou o país? Quem foi eleito presidente e encontrou estado de calamidade, roubalheira como o presidente Bolsonaro?”, questionou, em entrevista à imprensa.