A Igreja Evangélica da maior valor aos pecados ligados ao sexo
Em todos os tempos desde que foi criada, a religião e a igreja têm sido formadoras de opinião, e isso é um fato notório e incontestável. Sobre diversos temas, as pessoas têm buscado direção espiritual para resolver seus problemas e ajudá-las a se posicionar diante das complexidades que as relações sociais trazem.
Para os cristãos, a Bíblia traz as respostas para todos os problemas enfrentados. Pode mentir? Pode separar? Pode vestir isso? Pode olhar aquilo? Está tudo na Bíblia, e nas milhares de interpretações que ela se submete. Mas o ponto a ser debatido aqui diz respeito ao porquê dos cristãos – em especial os evangélicos – dão maior valor aos pecados ligados ao sexo do que os demais. Seriam eles piores que o restante?
Não há pecado, pecadinho e pecadão. De acordo com as escrituras, todos os pecados nos afastam de Deus e dos planos dEle para nossas vidas, e por isso deve ser evitado. Porém, diante dos discursos e lutas que a “igreja” têm travado atualmente com outros grupos sociais, a impressão que temos é que apenas os pecados ligados à carne importam, são repulsivos e precisam acabar no nosso meio.
O sexo é uma questão tratada com bastante rédia curta pela igreja desde os primeiros séculos. A ideia é a de que Deus fez o amor e o diabo fez o sexo. Mas como assim? Deus não nos criou à sua imagem e semelhança? Por quê ele dotou de sensibilidade e prazer nosso corpo? Por quê ele nos manda povoar a terra? O sexo está presente em tudo isso, e a resposta para essas perguntas é a de que o sexo, na verdade, fora criado por Deus.
E antes o problema fosse a igreja demonizar o sexo, pois o pior mesmo é o fato dela, ao passo que transmite a mensagem implícita de que as relações carnais não são boas, ela deixa a maioria sem uma direção a seguir, pois o tema sexo não é tratado nos púlpitos, e se o seu líder tem uma visão diferente do assunto e o discute na sua igreja, você é um cristão de sorte.
Masturbação é pecado, diz a igreja. Mas não dá-se uma direção aos jovens sobre como proceder com seus desejos. Não procura-se entender a realidade de cada um deles, seus dilemas vividos em casa e em outras esferas. Adultério é pecado, diz a igreja. Mas os líderes são os que mais trocam de esposas, dando um exemplo claro aos fiéis de que um casamento é mais complexo e difícil de ser vivido e entendido do que se pensa. Ser gay é pecado, diz (algumas) igrejas. No entanto é lícito tratar o meu próximo com inferioridade, por causa de sua condição sexual, e além disso julgar sem procurar entender as dificuldades enfrentadas diariamente por ele. Só a hipocrisia não é punida. Afinal, por este pecado estão todos condenados, nem que apenas um pouquinho.
Enquanto a dita “igreja” tratar os pecados carnais como sendo os mais graves, continuaremos punindo com veemência nossa própria natureza, sem nos darmos conta que estamos, em contrapartida, incorrendo em outros muitos pecados, que de igual forma nos afastam de Deus.
O Criador é perfeito, a criação não. Embora tenha sido criada em perfeição, não permaneceu assim por muito tempo. E se hoje estamos dentro dessa esfera de imperfeição, precisamos estar atentos ao que passamos e sentimos, tendo plena certeza do quão pecadores nós somos, e do quanto somos iguais aos que de igual forma tropeçam e caem. Afinal, são pelas misericórdias de Deus que estamos de pé, não pela nossa santidade.
Tadeu Ribeiro
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